domingo, 16 de agosto de 2009

Educação de Jovens e Adultos

Ao ler o texto que faz parte de um trabalho de Marta Kohl de Oliveira, “Jovens e Adultos como Sujeitos de Conhecimento e Aprendizagem” baseado em estudos de grandes nomes da nossa educação, me fez refletir como acontece a aprendizagem com nossos jovens e adultos caracterizados pela autora de “não crianças” e foi possível perceber que esta modalidade de educação no Brasil, já tem um longo caminho percorrido.
Acredito que o termo “não crianças” significa que uma proposta pedagógica de aprendizagem não muda se for aplicado a um adulto, jovem ou criança. Hoje eu fazendo parte do Projeto Brasil Alfabetizado como educadora de uma turma de 25 alunos de idade entre 18 a 75 anos e uma turma de 1° ano com 24 alunos de 6 anos preparo minhas aulas, atividades sem nenhuma diferença entre uma turma e outra, observo apenas diferenças nos interesses e resultados, onde a criança aprende em um contexto natural, espontâneo, sem preocupações que o jovem e o adulto apresentam buscando sua própria aprendizagem, driblando as dificuldades, necessitando daquela fonte de saber e o resultado é acoplado em uma série de vivencias e experiências principalmente de fracassos escolares.
Concordo plenamente (Palacios, 1995) quando diz respeito ao funcionamento intelectual dos adultos mantém um bom nível de competência cognitiva até uma idade avançada e idéias de outros psicólogos evolutivos que afirmam que o que determina o êxito destas pessoas não é a idade de si mesma, mas fatores agregados as suas vidas como motivação, bem estar psicológico, etc.
Ao aplicar com os adultos o teste cognitivo e colocá-los na escada da psicogênese descobri e reafirmei que as hipóteses de escrita de um adulto são iguais à de uma criança quando se encontra no mesmo nível (PS1, PS2, Silábico, Alfabético, Alfabetizado 1,2,3 e 4 ).
Em uma de nossas primeiras aulas onde estávamos dialogando e nos conhecendo melhor (Brasil Alfabetizado), relatei que muitos já tinham freqüentado a escola por um período bem curto e decidiram não ir mais e as famílias não se preocupavam assim indo trabalhar e ajudar no sustento da mesma, outros por falta de incentivo ou oportunidades, pois a escola era muito distante de suas casas, complementando assim a frase da autora Marta “que a educação de jovens e adultos remete, primordialmente, a uma questão de especificidade cultural”.
Quando (Oliveira, 1989) destaca em seus escritos “Os alunos tem vergonha de freqüentar a escola depois de adultos e muitas vezes pensam que são humilhados e tornando-se inseguros quanto sua própria capacidade de aprender” liguei com alguns fatos que aconteceram em sala de aula, onde em certas atividades ouve muita “recusa” do aluno ao realizar, argumentando que não sabia, tenho vergonha, e se eu errar, como se eu fosse condená-los...
Estes medos já foram inseridos nestes alunos devido ao um modelo de aprendizagem no qual já foi vivenciado (castigos, grãos de milho, humilhação, etc.)
A recusa vinha deste fator de incapacidade, fracasso, medo do professor, mas eu quis mudar esta imagem e apresentei uma sala de aula com muita alegria, entusiasmo, música, cultura, merenda pedagógica, dialogo, trocas, grupos áulicos e uma proposta pós-construtivista. Eles levaram um “choque” de método de aprendizagem que aos poucos ia mostrando e sei que os cativei, pois com 15 dias de aulas (três vezes por semana) já obtive nove alfabetizados.
Um dos grandes comentários é como as escolas evoluíram... Aqui tem tudo! Por isso que as crianças de hoje são tão espertas!
Conhecer inúmeros pensamentos e estudos a respeito da aprendizagem cognitiva dos jovens e adultos com a interdisciplina apresentada neste semestre é importantíssimo para quem convive com eles e o interessante que este trabalho que Marta apresenta para todos os seus leitores, reside no fato de que exploras as idéias do processo cognitivo comum a todos os seres humanos, mobilizados em diferentes combinações dependendo das demandas situacionais enfrentadas por membros de diferentes grupos culturais e cabe a nós educadores conduzir este confronto de culturas e fazê-los interagir proporcionando um avanço de hipóteses garantindo assim a aprendizagem.

Nenhum comentário: